Feedback parece-me que é algo com que todos até certa medida estamos familiarizados (pelo menos já todos ouvimos o termo) e eventualmente podemos com mais ou menos facilidade perceber que é um processo vital para o crescimento pessoal e profissional.
Mas então porque motivo nos custa tanto dar e receber feedback e inclusive, independentemente do contexto?
A resposta está em alguns aspetos psicológicos.
São esses aspetos que justificam as barreiras que desenvolvemos e que é necessário superar.
- O Medo da Avaliação
Uma das razões mais comuns para evitar feedback está relacionada com o medo da avaliação negativa. Muitas vezes temos receio que o feedback revele fraquezas ou falhas, impactando a nossa autoestima. Esse medo cria uma resistência natural.
- Resistência à Mudança
Outra barreira psicológica é a resistência à mudança. Receber feedback muitas vezes implica ajustes e adaptações, e alguns de nós sentimo-nos desconfortáveis com a ideia de abandonar padrões familiares. A resistência à mudança é uma resposta comum, muitas vezes ancorada na preservação da zona de conforto.
- O Efeito Halo e Viés de Confirmação
Dar feedback também é desafiador devido a fenómenos psicológicos como o efeito halo (tendência em generalizar a opinião acerca de uma pessoa com base numa característica) e o viés de confirmação (propensão em aceitar informações que confirmem as nossas crenças existentes). Estes vieses podem distorcer a percepção do feedback, tornando-o menos objetivo e mais influenciado por preconceitos individuais.
- Crenças Individuais e Preferências
As crenças individuais acerca do feedback desempenham um papel crucial nas preferências e na forma como as pessoas escolhem dar e receber feedback. Essas crenças são moldadas por experiências passadas, valores pessoais, cultura organizacional, personalidade e estilo de comunicação.
As experiências passadas moldam as expectativas e as associações emocionais em relação ao feedback. Experiências positivas fortalecem a aceitação do feedback, enquanto experiências negativas podem gerar resistência e ansiedade devido a associações emocionais negativas.
Os valores pessoais estão intrinsecamente ligados às prioridades e crenças. As pessoas com valores que enfatizam a honestidade e a transparência podem preferir feedback direto, ou seja, as informações são comunicadas de forma inequívoca, explícita e sem rodeios, enquanto aqueles que valorizam a colaboração podem preferir abordagens mais suaves usando linguagem mais amena e enfatizando o reconhecimento e o incentivo.
A cultura organizacional desempenha um papel crucial nas preferências e comportamentos no trabalho. Em ambientes onde o feedback é valorizado, as preferências podem recair numa abordagem direta, enquanto que em culturas menos abertas ao feedback, as preferências podem envolver métodos mais suaves. A cultura organizacional molda normas, valores e expectativas, influenciando a forma como o feedback é percebido e aplicado. Em organizações que prioritizam a aprendizagem contínua, as pessoas têm mais propensão a ver o feedback como uma oportunidade positiva.
A personalidade desempenha um papel crucial nas preferências e escolhas individuais. Características como abertura à experiência e tolerância à ambiguidade influenciam as respostas aos desafios, incluindo o feedback. Pessoas mais abertas podem acolher oportunidades de aprendizagem no feedback, enquanto aquelas mais avessas à mudança podem preferir abordagens mais cuidadosas. A aceitação do feedback é mais provável em personalidades abertas à experiência, enquanto resistências a grandes ajustes podem surgir em pessoas menos propensas à mudança.
O estilo de comunicação de uma pessoa, que pode variar de assertivo a passivo, influencia a maneira como dá e recebe feedback. Estilos comunicativos mais diretos podem preferir feedback claro e específico destacando áreas específicas de melhoria ou reconhecendo conquistas específicas, enquanto estilos mais diplomáticos podem valorizar abordagens mais cuidadosas em que o feedback é comunicado de maneira mais subtil e focada no desenvolvimento contínuo.
Em conclusão, o feedback apesar de ser essencial para o crescimento pessoal e profissional, encontra resistência devido a diversos fatores psicológicos. O primeiro passo para enfrentar as barreiras é a consciencialização e compreensão de como influenciam as nossas percepções e reações ao feedback.
Fizemos uma LIVE com o tema Feedback
Artigo escrito pela Formadora Ângela Lourenço
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